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Diretor de presídio é acusado de agredir advogado em Feira de Santana; OAB pede afastamento do gestor, que nega crime

 

O diretor do Conjunto Penal de Feira de Santana é acusado de agredir um advogado criminalista. A situação foi registrada pela suposta vítima em um vídeo que tem circulado nas redes sociais. Nesta quinta-feira (5), membros da subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) protestaram na frente da unidade prisional. A entidade pede o afastamento do gestor.

A situação aconteceu na quarta-feira (4), quando o advogado Jan Clay Alves utilizava o celular na área administrativa do presídio, onde, segundo ele, é permitida a utilização do equipamento.

Nas imagens, é possível ouvir o diretor José Freitas Júnior gritando: “Se respeita no seu lugar!”, após dar um tapa no telefone do advogado, que havia cobrado mais agilidade em demandas na unidade.

De acordo com a OAB, a situação escalou para uma tentativa de imobilização do advogado, supostamente conduzida pelo diretor da unidade prisional e outras pessoas não identificadas.

Em entrevista ao g1, o advogado Jan Clay relatou que a confusão começou quando ele questionou o fechamento de uma sala no Conjunto Penal e utilizou o celular para registrar a situação, com o objetivo de informar a Comissão de Direitos Criminais da OAB.

Segundo o advogado, a atitude incomodou o diretor do presídio, que reagiu “de forma agressiva”, “gritando e afirmando ser a autoridade máxima no local”. O advogado relatou ainda que, após tentar gravar a discussão, foi empurrado, teve o celular tomado e permaneceu sem o aparelho por cerca de 15 minutos.

“Se ele faz isso comigo, que sou advogado, imagina o que ele faz com os presidiários, longe dos olhos de todos”, provocou Jan Clay.

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Raphael Pitombo, presidente da OAB em Feira de Santana, informou que está acompanhando o caso desde o princípio e mobilizou ações em defesa da advocacia. Além de protocolar um pedido de afastamento do diretor do Conjunto Penal junto à Corregedoria, a entidade acionou o Ministério Público da Bahia para apuração do crime de abuso de autoridade.

Ele também informou que será movida uma ação civil pública por dano moral coletivo, visando reparação para toda a classe. “Não podemos admitir a violação das nossas prerrogativas, que são leis, ainda mais quando acompanhadas de agressões e violência”, argumentou.

Ainda conforme Raphael, além das medidas judiciais e extrajudiciais já adotadas, foi solicitada uma reunião de urgência com o secretário de Administração Penitenciária da Bahia.

“O objetivo é não apenas apresentar o caso envolvendo o advogado Jan Clay, mas também discutir outros episódios que, segundo a entidade, têm afetado tanto a advocacia quanto familiares dos detentos e os próprios presos”, explicou.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Polícia Penal da Bahia se manifestaram a respeito, e saíram em defesa de José Freitas Júnior.

Em nota, o diretor do Conjunto Penal de Feira de Santana, José Freitas Júnior, negou as acusações de agressão e afirmou que agiu para coibir o uso indevido de celular em área restrita da unidade prisional, o que teria sido insistido pelo advogado Jan Clay Alves, mesmo após alerta sobre a proibição.

“Não restando outra alternativa, utilizei uso progressivo e necessário para conter a filmagem, após adverti-lo verbalmente pedindo respeito às regras estabelecidas”, afirmou o diretor.

O gestor também destacou que imagens divulgadas pelo advogado mostram cenas captadas dentro da unidade, o que, segundo ele, descumpre normas.

”Vale salientar que há em vigor portaria do TJBA determinando o controle de acessos dos aparelhos por parte dos advogados e decisão da Comissão da OAB”, acrescentou.

O que diz a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap):

“A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), informa que o advogado Jam Alves de Oliveira chegou ao Conjunto Penal de Feira de Santana fazendo uso do celular em uma área restrita. Ao ser orientado sobre a conduta proibida, o advogado desrespeitou o diretor da Unidade e insistiu na ação.

Esta secretaria informa ainda que o vídeo que circula nas redes sociais está fragmentado e não reflete todas as circunstâncias do fato ocorrido, deixando margem para acusações e interpretações distorcidas.

Por fim, a Seap reitera que o advogado atendeu seu cliente normalmente e não teve seu trabalho interrompido ou prejudicado em razão do desentendimento com o diretor da Unidade”.