Engov: indicação de cura para a ressaca não consta na bula do medicamento
A ressaca é o principal efeito que o excesso de bebidas alcoólicas provoca | Foto: Reprodução |
O engajamento da mídia nesse tipo de divulgação pode criar uma falsa sensação de segurança entre os consumidores, que podem não estar cientes das implicações potenciais para a saúde.
Ele aponta que, por essa razão, o papel da mídia na disseminação de informações sobre medicamentos deve ser sempre cuidadosamente avaliado, considerando não apenas o potencial sensacionalismo, mas também o impacto na saúde pública. “Em muitos casos, as notícias sobre interações medicamentosas podem ser interpretadas de maneira equivocada pelo público, levando a decisões inadequadas sobre seu uso”, pontua.
Para promover uma comunicação mais precisa, é essencial que a mídia aborde questões relacionadas a medicamentos de maneira objetiva e contextualizada. “Em vez de apresentar informações como grandes revelações, é necessário contextualizar a situação e fornecer ao público uma compreensão mais abrangente das recomendações dos profissionais de saúde e das diretrizes das bulas”, alerta.
Além disso, Thiago acredita que é fundamental destacar a importância da consulta a profissionais de saúde antes de iniciar qualquer regime de medicamentos. “A automedicação, muitas vezes incentivada por informações imprecisas ou mal interpretadas na mídia, pode resultar em sérios riscos à saúde”, declara.O caso do Engov destaca a necessidade de uma abordagem mais responsável por parte da mídia ao relatar questões relacionadas a medicamentos. “A educação do público sobre o uso adequado de medicamentos, juntamente com uma compreensão mais profunda das informações fornecidas nas bulas, são passos cruciais para garantir que as interações medicamentosas sejam entendidas corretamente e que a saúde pública seja protegida”, finaliza.
*Thiago de Melo Costa Pereira é pesquisador, professor, palestrante e escritor. Ao longo de sua carreira, tem demonstrado a importância da educação continuada em farmacologia para os profissionais de saúde do Brasil. De uma forma dinâmica e aplicada ao contexto prático nacional, suas aulas de farmacologia têm sido fonte de inspiração para gerações de alunos tanto de graduação quanto de pós-graduação.
Farmacêutico desde 2002, graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mestre (2005), Doutor (2009) em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Pós-Doutor em Farmacologia pela Universidade de Santiago de Compostela- Espanha (2018).