Eleições 2022: boicote a pesquisas por eleitores de Bolsonaro pode distorcer resultados?
O que aconteceria se muitos eleitores de um só candidato resolvessem boicotar pesquisas eleitorais, deixando de respondê-las?
O resultado poderia, sim, ser distorcido, segundo especialistas em estatística e pesquisas sociais.
Até agora, no entanto, as informações disponíveis não indicam que este foi um fator que influenciou os resultados das pesquisas no Brasil até aqui, segundo os profissionais do mercado e da academia ouvidos pela reportagem.
Logo após o primeiro turno da eleição, o ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, pediu que os eleitores que apoiam o atual presidente se recusem a responder qualquer pesquisa até o fim da eleição.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi outro que fez o apelo: "Peço a todos que apoiam o presidente que NÃO respondam nenhuma pesquisa do IPEC, DataFolha e similares no 2º turno", escreveu em sua conta no Twitter.
Em outros países, as mudanças de comportamento do eleitorado e o surgimento de um eleitor desconfiado do sistema têm aumentado os desafios. Nos Estados Unidos, um relatório da Associação Americana de Pesquisa de Opinião Pública publicado em 2021 apontou que grupos cruciais para a eleição de Donald Trump não estavam participando das pesquisas. O estudo buscava entender por que as pesquisas indicavam liderança da democrata Hillary Clinton na eleição de 2016, quando ela acabou perdendo para Donald Trump.
A BBC News Brasil pediu entrevista ao Datafolha, que não respondeu, e ao Ipec, que disse que a porta-voz não teria agenda para responder aos questionamentos.
A consultoria Quaest disse que leva em conta a preocupação com subnotificação no que se refere a eleitores de Bolsonaro e que há ferramentas estatísticas capazes de lidar com essa questão