Crer no Credo de Cristo e da Igreja
A fé é dom de Deus, que a Igreja transmite aos seus crentes. (Divulgação Pixabay)
Por Daniel Reis*
A cada Eucaristia que celebramos no Domingo, “Dia do Senhor”, após a homilia, somos convidados a professarmos juntos a nossa fé. Mas afinal de contas: o que nós cremos e através de quê recebemos esta fé? A simples recitação automática de uma fórmula que nos foi ensinada em nossa catequese para ser decorada (“Creio em Deus, Pai todo poderoso...”) corresponde internamente àquilo que acreditamos e nos aderimos pelo Batismo? Cremos no conteúdo do credo da Igreja? Cremos no que Cristo acreditava e ainda crê, como realização do Reino?
O Catecismo da Igreja Católica explica que “A fé é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que se revela” (cf. CIC, nº 166). Assim, trata-se de uma “resposta”, pois primeiramente é Deus quem professa a sua fé na humanidade. Encarnando-se e habitando entre nós (cf. Jo 1,14), Ele nos revela publicamente que acredita, crê, dá crédito ao gênero humano, vez que na condição de Criador tem plena convicção da potencialidade de suas criaturas. Assim, em Jesus Cristo, Deus se entrega por nós; por sua grandiosa fé, “apostou todas as suas fichas” na humanidade e saiu vitorioso neste grande “jogo da vida”. A partir de então, alimentou-nos de esperança, mostrando-nos ser possível crer num “novo céu e numa nova terra” (cf. Ap 21,1) e assim recuperarmos nossa condição criatural primeira: ser sua “imagem e semelhança” (Gn 1,26), pois Jesus provou ser possível vivermos esta nossa vocação original – “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9b) – de sermos sinais de Deus para o mundo.
Não podemos desanimar ou paralisar frente à toda injustiça, caos, desamor e desunião, pois devemos crer neste credo de Jesus em nós. Ao contemplar tamanha maravilha do Deus que crê na humanidade a ponto de assumi-la e experimentá-la até a morte, brota nos corações a alegria e a vontade de PROFESSAR (etimologicamente: declarar/admitir em público), como escreve São João em sua primeira carta: “Porque a Vida manifestou-se: nós a vimos e dela vos damos testemunho e vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que nos apareceu; o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco” (1 João 1, 2-3a).