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A corrupção mata', diz presidente da CNBB

Cardeal d. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Cardeal d. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). (Agência Brasil)
"A crise política não pode continuar". A afirmação é do cardeal d. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, a entidade não se manifesta sobre a situação do presidente Michel Temer seguindo a tradição de não se pronunciar sobre governos e partidos, mas tem acompanhado de perto os desdobramentos da crise e discutido alternativas como a realização de eleições diretas. "A corrupção mata", disse d. Sérgio à reportagem.

Qual a posição da CNBB sobre os pedidos de afastamento do presidente Temer?

A CNBB não tem se manifestado a respeito desta questão, de acordo com a sua postura habitual de não se pronunciar sobre governos e partidos. Contudo, é evidente que a crise política, agravada pelas denúncias contra o presidente, não pode continuar. Publicamos uma nota sobre a ética na política, enfatizando a necessidade de apuração rigorosa das denúncias de corrupção, dentro dos ditames da lei. No cenário político, especialmente no Congresso Nacional, a vida não pode continuar, com as negociações políticas, como se nada estivesse acontecendo. A alegação de que "o País não pode parar" não pode servir para justificar a estagnação na corrupção nem a votação apressada de projetos. A corrupção mata. Mata, porque o desvio de recursos implica a negação do direito do povo à saúde, à educação, à segurança, ao emprego, à alimentação.

Qual a posição da CNBB sobre antecipar as eleições diretas?

Temos refletido a respeito, mas não chegamos a tomar uma posição comum. Estamos acompanhando atentamente as discussões sobre o tema. Questionamentos têm sido levantados a respeito das condições jurídicas e políticas para a sua realização neste momento, no caso de saída do presidente. É certo que não há solução para a crise fora da Constituição brasileira. Isso, que parece óbvio, precisa ser afirmado repetidamente, neste momento difícil, de crise e de descrédito dos políticos. A dificuldade em apontar candidatos não é razão suficiente para não ser considerada seriamente a possibilidade de eleições diretas. A opção por eleições diretas se justifica unicamente como instrumento democrático, não deve ser instrumentalizado para atender a interesses particulares. É preciso ter os olhos voltados para a Constituição e o ouvido para as ruas.