Dilma sanciona lei que libera ‘pílula do câncer’, jamais testada em humanos
As cápsulas de fosfoetanolamina são produzidas desde os anos 1990 no Instituto de Química da USP em São Carlos – USP Imagem / CECILIA BASTOS
Apesar das recomendações contrárias da comunidade científica e de testes iniciais financiados pelo governo terem indicado sua ineficácia, a fosfoetanolamina sintética, também chamada de pílula do câncer, foi liberada pela presidente Dilma Rousseff. Ela sancionou a lei, aprovada pelo Congresso, segundo a qual pacientes diagnosticados com diferentes tumores poderão obter a substância, que jamais foi testada em humanos e, claro, não passou pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A sanção da lei 13.269, de 13 de abril, foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (14). Desenvolvida por uma equipe de cientistas do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, a fosfoetanolamina nunca passou pelos testes adequados laboratoriais, em animais ou em seres humanos. No dia 22 de março, o Senado aprovou o projeto que permite a fabricação, distribuição e o uso da fosfoetanolamina sintética, que já havia passado pela Câmara dos Deputados. A aprovação foi duramente criticada por cientistas. A própria Anvisa, um órgão vinculado ao Ministério da Saúde, deixou clara sua preocupação com a liberação de um suposto medicamento sem o aval dos órgãos competentes.